quinta-feira, 17 de abril de 2008

Para vc que está na dúvida sobre ser ou não vegetariano, segue uma reportagem muito interessnante sobre o assunto; a mais completa que já li!!

Carne vermelha: comer ou não comer?Por Virgínia Vargas 4/11/2008
Nos últimos tempos muito se têm falado sobre os malefícios do consumo de carnes vermelhas, como o aumento dos riscos de se desenvolver doenças cardiovasculares. Por outro lado, sabe-se que a carne é uma fonte riquíssima de proteínas e de diversas vitaminas e minerais essenciais à saúde humana. Estas informações conflitantes costumam nos deixar em dúvida sobre o que fazer com relação ao alimento. As perguntas mais freqüentes dizem respeito à quantidade recomendada de carne para se obter todos os benefícios sem correr riscos, ou então sobre os alimentos que servem como substitutos às proteínas de origem animal. Para respondê-las, porém, é preciso conhecer um pouco mais sobre as carnes vermelhas.
Os nutrientes da carne vermelhaComo todos sabemos, as carnes vermelhas são fontes de proteínas, mas o que pouca gente sabe é que elas também possuem outros nutrientes importantes à saúde humana. Elas contêm minerais, como ferro, cálcio e zinco, ácidos graxos essenciais e vitaminas do complexo B, principalmente a B12. De todos estes nutrientes, o ferro, a vitamina B12 e as proteínas são os mais importantes porque dificilmente os obtemos em outros alimentos da mesma maneira que na carne.
Segundo a nutricionista Amanda Borges Lopes Schenk, as proteínas podem ser encontradas em vegetais, cereais, legumes e carnes, mas as provindas dos vegetais são chamadas incompletas porque não contêm todos os aminoácidos necessários ao organismo. Já as proteínas de origem animal são de alta qualidade, ou seja, possuem todos os aminoácidos essenciais.
As funções das proteínas no organismo humano são regular a contração muscular, produzir anticorpos e expandir e contrair os vasos sangüíneos para manter a pressão corporal normal. Além disso, enzimas, hemoglobina e colágeno dos ossos, tendões e pele, entre outros, são formados por proteínas. Diante destas funções fica fácil entender porque as proteínas são tão importantes para a saúde humana.
A vitamina B12 está presente em quase todos os alimentos animais, como carnes vermelhas e brancas, peixes, leite, queijos e ovos, mas não nos vegetais. Ela é importante no metabolismo dos carboidratos, na manutenção dos tecidos da medula óssea, do intestino e do sistema nervoso, responsável pela transmissão dos comandos que o cérebro dá aos músculos. Seu consumo é imprescindível para evitar anemia e perda de memória, entre outras deficiências cognitivas.
Já o ferro, além de dar suporte ao sistema imunológico do nosso corpo, forma parte da hemoglobina dos glóbulos vermelhos, responsável pelo transporte de oxigênio e dióxido de carbono. “Esse oxigênio é utilizado para liberar a energia dos alimentos, que, por sua vez, é utilizada para o crescimento, a respiração e a locomoção, entre outras funções do organismo”, explica a nutricionista.
Você deve estar pensando: mas, diferente da proteína, que é encontrada mais facilmente em produtos de origem animal, o ferro eu encontro em vegetais como o feijão e o espinafre. Porém, Amanda explica que há uma diferença crucial entre o ferro da carne e o dos vegetais. “O ferro encontrado nas carnes, está na forma ‘heme’, que é 20% mais fácil de ser absorvido pelo organismo do que o ferro ‘não heme’, disponível nos vegetais, cereais e frutas”, diz a especialista.
Os problemas do consumo exageradoCom base nestas informações chegamos à conclusão de que sim, a carne vermelha é importante para o organismo humano, mas não podemos esquecer que o seu consumo em excesso aumenta os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. “Isso acontece porque as carnes vermelhas são fontes de gorduras saturadas, que são ricas em colesterol”, esclarece a nutricionista. A gordura de porco, muito usada antigamente na culinária com o nome de banha, é um bom exemplo de gordura saturada. Aquela faixa de gordura da picanha também.
O colesterol é um componente essencial das membranas celulares e precursor dos ácidos da bile e de certos hormônios, mas nós não precisamos consumi-lo porque o organismo fabrica seu próprio colesterol. Quando consumimos gorduras saturadas em excesso, o colesterol produzido fica circulando no sangue e, com isso, forma placas nas paredes das artérias.
Outro risco do consumo de carnes vermelhas é se a pessoa tiver problemas renais. Nestes casos, carnes em excesso são ainda mais contra-indicadas porque a proteína não utilizada no organismo é eliminada pelos rins, que precisam de muito esforço para eliminá-la, o que relaciona as proteínas com o desenvolvimento de problemas renais e hepáticos.
Como consumir sem correr riscos?Apesar dos riscos de obesidade e de doenças cardíacas, as gorduras não devem ser eliminadas do cardápio porque desempenham funções importantes para o organismo, quando consumidas em quantidade adequada. “As gorduras são fontes concentradas de energia, servem de meio de transporte para as vitaminas lipossolúveis A, D, E e K, além de ser essencial para a estrutura das membranas celulares e a precursora de muitos hormônios, como os sexuais”, acrescenta Amanda.
Segundo Amanda, um dos segredos para consumir carnes vermelhas sem correr riscos é a moderação. Para obter todos nutrientes da carne e não prejudicar a saúde, deve-se comer, por dia, aproximadamente um bife de 150 gramas, que contém, em média, 40 gramas de proteínas, dependendo do corte. Para evitar o consumo excessivo de gorduras, Amanda recomenda, também, dar preferência para cortes mais magros, como filé mignon, carne moída, lagarto e patinho, deixando os demais para ocasiões esporádicas. Outra dica é alternar o consumo com demais tipos de carne, como frango e peixe, que também são fontes de proteínas de alta qualidade e contêm menos gorduras saturadas.
Uma dieta sem carne vermelha pode ser saudável?Amanda garante que sim. “As proteínas de origem animal são importantes ao organismo, por isso os melhores substitutos da carne vermelha são peixes, ovos, leite e seus derivados, como queijos e iogurtes. Para suprir as necessidades de ferro aumente o consumo de brócolis, ervilha seca, espinafre refogado, feijão preto, lentilha seca, soja e vegetais folhosos verdes escuros, alimentos que devem sempre ser consumidos acompanhados de suco de laranja, limão e acerola, uma vez que a vitamina C facilita o aproveitamento do ferro”, complementa a especialista.
E como fazem os vegetarianos ortodoxos, que não comem nenhum alimento de origem animal? O segredo está na combinação de uma grande variedade de alimentos, o que faz com que os aminoácidos ausentes em alguns sejam encontrados em outros. Mas deve-se tomar muito cuidado porque se os nutrientes da carne vermelha não forem repostos adequadamente, os riscos para a saúde são grandes. “A carência de carne vermelha pode provocar anemias por dificuldade de formação de glóbulos vermelhos, dificuldades no crescimento de crianças, na cicatrização de qualquer tipo de ferida, perda de tecidos, dificuldades digestivas por formação de menores quantidades dos fermentos no estômago, transtornos endócrinos, complicações imunológicas, fadiga muscular e emagrecimento excessivo”, finaliza a nutricionista Amanda Borges Lopes Schenk.

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